Lucia Marlene Saieviez Fitzthum
Gosto
muito de gatos. Tenho seis. Talvez por isso as pessoas se achem no direito de
jogar os animais que não querem mais na frente de minha casa. Muitos estão
doentes, machucados, mas a maioria é apenas abandonada, e chegam até mim com
fome, desorientados, com frio, tristes, e se achegam com esperança de que eu
supra suas necessidades. Tenho dó, por isso, adoto temporariamente esses
animais para cuidar e conseguir alguém que os adote e cuide devidamente.
Há
alguns meses, jogaram uma gata. A mesma estava doente, com muita fome e frio e
aparentava estar grávida (prenhe). Cuidei e alimentei, providenciei uma caixa e
coloquei na garagem de casa. Não pretendia ficar com ela, mas ela, percebendo
que encontrara um local adequado, ficou por ali, acabando por conquistar um
espaço em minha casa. Por pena, tratei dela (alguém havia chutado ou batido,
pois sua perna e costas estavam sensíveis e desproporcionais) e deixei que
tivesse seus filhotes. Ela melhorou de forma geral e teve cinco filhotes lindos
e fofos. Peraltas, amorosos, estavam com um mês já e me preocupava com sua
adoção: Como conseguir pessoas para adotá-los e cuidá-los, e que quisessem
também a gata, já que não poderia ficar com nenhum?
Deus
foi a resposta. Ele sempre é!!!
Tentei
doar os gatinhos para várias pessoas, nenhuma os quis. Já me conformava em
ficar com a gata, contanto que adotassem os gatinhos, um a um. Procurei vários
lugares, deixei telefone. Uma pessoa ligou e levou um deles. Mas não apareceu
mais ninguém. Meus esforços se esgotaram. A dificuldade da adoção de animais é
quase semelhante à de adoção de crianças, em cidades onde as leis forçam as
pessoas a castrar, não permitem que os locais de venda de ração façam doação, e
outros problemas que surgem pela falta de incentivo.
Certo
dia, percebendo que por meus esforços não estava conseguindo muito, orei a Deus
fervorosamente. Eu já orava pela doação, mas uma oração simples, rápida, que
(acho eu) nem Deus entendia o que eu realmente queria. Nesse dia, acordei, me
ajoelhei e falei com Deus, de verdade. Contei a Ele que amava os gatinhos, que
cuidaria deles se pudesse, mas diante das dificuldades de saúde e de dinheiro
mesmo, eu precisava doá-los. Pedi que Ele providenciasse pessoas que amassem e
cuidassem deles. Mas, de modo especial, pedi que Ele mandasse alguém para
adotar a gata, pois parecia impossível isso acontecer. Disse a Deus que sabia
que Ele amava a todos nós, e que os animais eram Sua criação, e eu acreditava
que Ele amava os animais e que poderia resolver a situação. Agradeci e liguei
para o local onde eu levaria os gatinhos, ficaria com eles lá esperando para,
com sorte, alguém adotar um ou dois (eu já havia tentado antes, não deu certo).
Inexplicavelmente,
pouco antes de sair, fiquei muito mal. Não pude ir na parte da manhã como
previra. Na hora do almoço melhorei bastante e fui até a clínica veterinária. Chegando
lá me deram uma gaiola para colocar os gatos e a gata, e eu fui até o carro
para pegar ração para eles. Aí, o milagre da resposta da oração aconteceu!
Ao
voltar, havia uma mulher abaixada, falando com os gatinhos. Eu perguntei se ela
queria algum, ela disse: “não, eu não quero um, eu quero todos! E vou levar
também a gata”. Eu quase surtei. “A gata também??? Louvado seja Deus!!!”.
Devo ter falado isso muito
alto, pois ela me olhou de forma estranha, chamou outra mulher, disse que eu
era a dona dos bichinhos. Expliquei a situação para a mulher, me prontifiquei a
pagar a castração da gata. Ela, rapidamente, me disse: “Não, eu quero ela assim
mesmo. Eles vão morar no haras (local onde se cria cavalos) da minha filha, que
é veterinária. Eles serão muito bem cuidados, não vai falta ração nem local
para dormir. Se precisarem de cuidados ela cuidará. Eles serão muito amados”.
Confesso que chorei. Trouxe
os gatinhos novamente para casa, para ela pegar posteriormente. Mas trouxe
também algo mais importante: a certeza de que o Senhor Jesus é meu amigo e que
está presente ao meu lado. Que Deus não é apenas Deus, mas é mais ainda, é
aquele que nos ama imensuravelmente, que atende às nossas necessidades, assim
como dos animais que são Sua criação. Por isso Ele deixou escrito: “O justo tem
consideração pela vida dos seus animais...” (Provérbios, 12:10).
Desse episódio, podemos
retirar algumas percepções:
Deus sabe. Você tem
necessidades, problemas, dificuldades, tristezas, alegrias, esperança, sonhos, ilusões.
Você também é um grande pecador, como eu, e pode ser que muitas vezes não ache
que merece o perdão de Deus. Deus sabe de tudo isso. E por saber de suas
limitações (e das minhas), Ele é o único que pode te ajudar, em qualquer
situação ou condição.
Deus ouve. Quando você fala,
suas palavras não são jogadas, simplesmente, ao vento. Deus ouve o que você
está falando e até mesmo o que você não está dizendo. Ele ouve e conhece suas
palavras, seus pensamentos que deram origem a essas palavras, seus sentimentos
e sua real pretensão. Ao ouvir sua voz, Ele já ouviu seu coração, já sabe o que
se passa em sua mente.
Deus vê. Ele é o único que
enxerga sua verdadeira condição, seu verdadeiro eu. Ele vê as injustiças que
fazem com você, e vê também as injustiças que você faz com os outros. Aquilo que você e mais ninguém vê claramente,
Ele vê à luz do dia, no escuro da noite, nos locais mais impróprios para se
viver ou ficar. Neste momento Ele está vendo você, e sabe o que seus
pensamentos gritam ou falam baixinho, sabe de seus defeitos, de suas virtudes,
de suas alegrias e tristezas. Sabe quem você ama e quem odeia. Vê suas escolhas
e fica à espera de que você faça a escolha mais importante: corra pra Ele, se
entregue a Jesus.
Deus atende. Quando você tem
necessidades, dificuldades, problemas, pecados, e percebe que não pode resolver
sozinho, você pode falar com Deus em oração. Nenhuma oração deixa de ser ouvida
por Deus. E toda oração que é feita com fé, com entrega do eu nas mãos divinas,
é respondida. Deus sempre atende a oração que é direcionada ao Céu. Ele só não
atende a oração direcionada a si mesmo, a qualquer outra coisa ou pessoa. Deus
é Deus. Se você deixar que Ele seja Deus em sua vida, e de sua vida, então
todas as suas orações serão ouvidas, e como Ele é conhecedor de tudo, Ele
atenderá.
Há um ingrediente, um
elemento importante, na resposta da oração. A fé. A confiança de que, por seus
próprios recursos, você não alcança o que almeja. E que, mesmo não sendo
merecedor da graça divina, Ele ama e dispensa Sua graça, por amor a você, a
mim.
Nem sempre as coisas saem
como você espera. Seus planos não são os de Deus, mas os Dele são sempre
melhores que os seus. Veja o meu caso: eu planejei ir cedo, ficar até a hora do
almoço, mendigando a possibilidade de alguém aparecer e levar um dos gatinhos,
pelo menos. Deus não me deu condições de fazer isso. Eu poderia espernear,
dizer que Deus não me ouviu, que Ele não se importa comigo. Não fiz isso, pois
eu sabia que Ele havia me ouvido, e que o Seu tempo era melhor do que o meu.
Assim que melhorei, continuei a confiar. A minha hora tinha passado, mas a de
Deus estava chegando. A doação foi instantânea, assim que cheguei. Ele sabia
que a mulher que adotou os gatinhos com a gata não estaria lá de manhã e sim à
tarde. E justamente na hora em que eu cheguei, ela chegou atrás deles.
Você tem orado por algo ou
alguém e até agora não recebeu resposta positiva? Como está fazendo a sua
oração? Qual o seu empenho, o seu propósito? Ao orar, está colocando seu
coração e sua mente em conexão com o coração e a mente de Deus? Tem deixado seu
eu de lado e se entregado nas mãos de Deus?
A oração é um contato direto
com o Senhor. Nem todas as orações são respondidas da forma como queremos. Mas
Deus responde a todas aquelas que vão nos trazer benefícios e nos colocar cada
vez mais próximos Dele.
Eu entendi que Seu amor é
sem medida e é por esse amor que Ele nos dá, como Pai amoroso, o que realmente
necessitamos. Mesmo que tenha que mudar nosso rumo, mesmo que o caminho não
seja tão fácil. Ele não disse que não teríamos problemas, mas que estaria sempre
conosco. E Sua presença ao nosso lado é suficiente para passarmos pelas maiores
provações e sair vencedores, pois em Cristo “somos mais que vencedores”
(Romanos 8:37).
Experimente falar de verdade
com Deus. Não no modo automático, mas com o coração aberto, deixando-se guiar
pelo Espírito Santo, confiante de que Deus está ouvindo e que fará o melhor,
segundo a Sua Santa vontade.
A autora é revisora de textos, membro da
Igreja Adventista do Sétimo Dia Central de Cascavel-PR.